quinta-feira, 21 de junho de 2012

CONHEÇA UM POUCO DA MINHA LINGUAGEM


                                                   SOU  ROSA

  Vagando pelas brumas silenciosas nos profundos interstícios do meu ser, descobri-me parte do mundo: a natureza.
    Sou Rosa. Minha beleza é imperceptível, o que nela é belo e atrai os viventes, em mim está n’alma, onde posso constatar beleza inefável, prazer absoluto ou tristeza profunda.
    Sou Rosa fúnebre , acompanhando o final de um sonho, findou o último sopro, e a vida posta em flor sobre o féretro perderá o viço, a cor, a beleza e, apercebo não distante desse instante de dor, outros seres presentes, esvoaçando pétalas negras, são zumbis, vivos de almas mortas, companheiros das aves da noite com asas de horror, que ao voejar caem, pois perderam a essência da vida: os sonhos...
    Sou Rosa dos ventos, tempestuosa como as paixões, provoco vendavais indomáveis, desordenando a ordem das coisas, que no rastro dos meus furacões, circundei vivências e ao longo da vida tornei-me brisa, sensação leve, acima do bem e do mal, como botão em flor, com olhos de criança, visualizando esperança no coração dos mortais após a destruição de outros vendavais.
    Sou Rosa mártir, incansável na labuta contra as injustiças e homens vis  desfigurados pelo ideal do poder que destrói, homens sem alma, agarrados ao materialismo impenitente, apenas por um minuto lacônico de prazer , que tem como poderosa arma de destruição a palavra infame.
    Sou Rosa  dos  mares,   pérola dos oceanos,   guardando  os  mistérios  da   existência desses seres, com pétalas ao mar saboreando gotas salgadas ao concerto sedutor  das sereias, abrindo as portas da travessia da vida, acalentando a sensação tranquila das águas ao rebento, emoldurando a visão excelsa da lua e seus reflexos em prata, retratados nas ondas do mar.
    Sou Rosa das montanhas, enlevada pela busca sinuosa dos caminhos íngremes conquistados, o sempre querer mais, que na procura, busca a sabedoria que não dará  resposta exata para não morrer jamais, orvalhando a luz cintilante das estrelas nas inquietações da alma.
    Sou Rosa vermelha, a efêmera volúpia do desejo humano, e no sonho dos caminhantes posso dar prazer por um momento que, egocêntricos pela plenitude do instante, considera como leme da vida a luxuria, que lapida a alma dos inconstantes.
    Sou Rosa azul, rosa dos mistérios, da cobiça ilimitada pela sua beleza ímpar, instigando o homem na busca intransponível do legado humano, a imitação de Deus, buscando a perfeição inatingível.
    Sou Rosa branca, cor da lua, sem mácula, habitando os jardins dos mortais de coração puro, lançando-me naqueles que estão presos pela dor, tristeza ou desespero, entregando a todos: tranqüilidade, amor e liberdade, sonhando em alastrar o mundo com a paz..
    Sou apenas Rosa, amante da vida, vivo o instante, que embriagada com o próprio perfume, ofereço aos que me colhem sonhos e poesias e, quando enfim despetalar, deleitar-me-ei nos braços do Criador.

                                       ELIENE CRISTINA


Rosa - Recados e Imagens (10175)




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